Própolis não cura COVID-19

Estudo sugere que o própolis pode ajudar no controle de alguns sintomas da doença, mas não há evidências de que a substância atue no combate à infecção pelo coronavírus.

Frequentemente circulam nas redes sociais postagens com receitas caseiras para tratar a COVID-19. O aplicativo parceiro Eu Fiscalizo chamou nossa atenção para uma publicação no Instagram sobre o uso de própolis contra a doença. Mas atenção: embora estudos sugiram que o própolis possa ser um aliado no controle de alguns sintomas da COVID-19, a substância não combate a infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença.

Um estudo iraniano publicado em abril na revista Phytotherapy Research avaliou o uso de própolis, combinado ao extrato da planta Hyoscyamus niger, em 50 pacientes com doença respiratória aguda e diagnóstico clínico de COVID-19.

Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente entre o grupo que recebeu própolis e o grupo que recebeu placebo – o ensaio foi duplo-cego, isto é, nem os médicos nem os pacientes sabiam em qual dos dois grupos os pacientes estavam. O xarope foi administrado três vezes ao dia, durante seis dias. O grupo que recebeu própolis observou melhora em sintomas como falta de ar, dor de garganta e dor no peito, entre outros. Porém, não houve melhora em relação a dores de cabeça, diarreia, náuseas e vômitos.

“Os dados contidos neste ensaio preliminar não são suficientes para chegar a conclusões apropriadas, e ensaios maiores e controlados devem ser realizados para confirmar a efetividade e a falta de efeitos colaterais em pacientes com COVID-19”, diz o artigo. Por se tratar de um ensaio com poucos pacientes, o estudo não serve como justificativa para utilizar própolis como tratamento contra a COVID-19. 

Para o chefe do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, o ensaio foi bem desenhado, mas é limitado. “O própolis tem propriedades úteis no tratamento de infecções das vias aéreas superiores, pois, por exemplo, diminui a secreção”, aponta. “O estudo encontrou melhora em sintomas clínicos subjetivos, mas não demonstrou alteração nos desfechos clínicos de interesse médico”, avalia o médico, lembrando que, neste momento, cientistas buscam soluções para reduzir a necessidade ou o tempo de internação de pacientes com COVID-19 e evitar óbitos pela doença.


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