Luz do Sol não elimina o SARS-CoV-2 do organismo humano

Embora a radiação UVB possa ajudar a inativar vírus causador da COVID-19 de superfícies, não pode ser usada para prevenção ou tratamento de pessoas. 

Famoso pelas praias ensolaradas e altas temperaturas, o Brasil já registrou, até o fechamento desta matéria, mais de 13,5 milhões de casos e 358 mil mortes por COVID-19. Ainda assim, circulam, nas redes sociais, postagens enganosas, que sugerem que a luz solar é capaz de inativar o vírus causador da doença, SARS-CoV-2, o que dispensaria medidas de prevenção como distanciamento social e uso de máscaras. Mas isso não é verdade.

“É fato que radiações ultravioleta como as emitidas pelo Sol, em especial a UVB, são capazes de inativar microrganismos”, explica a microbiologista da Universidade Federal de Minas Gerais Viviane Alves. “Mas isso vale para a radiação ultravioleta pura, que usamos em laboratório para esterelizar objetos, e não para eliminar o vírus no organismo de nenhum ser vivo”.

A cientista conta que a luz solar pode ajudar a inativar o coronavírus que fica nas superfícies, desde que elas sejam expostas por tempo suficiente. Porém, essa informação tem pouca aplicação prática no controle da pandemia, pois a principal forma de transmissão do vírus é entre pessoas, por meio de gotículas expelidas quando falamos, tossimos ou espirramos. Quando alguém se contamina, ficar exposto à luz do Sol não tem nenhum efeito sobre o vírus.

Conclusão: se, por um lado, em países mais frios, as pessoas tendem a se aglomerar em lugares fechados, facilitando a transmissão da COVID-19, por outro, não há qualquer evidência científica de que, em locais com muito sol e calor, o vírus deixa de circular. “O país pode ser o mais tropical e ensolarado possível, e o vírus continua conseguindo circular entre as pessoas”, destaca Alves, que coordena a conta do Instagram @microUFMG e já fez algumas postagens sobre o tema.

Portanto, não existe nenhum motivo para acreditar que se expor ao Sol reduz as chances de alguém se contaminar ou adoecer com o coronavírus. Ao contrário, os números de infectados e mortos mostram que países tropicais também podem ser amplamente afetados pela pandemia, mesmo durante os meses de verão.

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