Vacina de Oxford não está sendo vendida na Bahia

Distribuição de produto antes da conclusão dos testes seria perigosa e ilegal.

Enquanto o mundo permanece na expectativa de uma vacina capaz de prevenir a infecção pelo novo coronavírus, muita informação falsa corre nas redes sociais. Em particular, o imunizante criado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e pela empresa farmacêutica AstraZeneca – um dos mais promissores entre os muitos que ainda estão em desenvolvimento – tem sido alvo de diversas fake news.

Nos últimos dias, uma mensagem preocupante circulou nas redes afirmando que a vacina de Oxford estaria sendo comercializada por vendedores ambulantes em Feira de Santana, na Bahia. É importante ressaltar que, como o imunizante ainda está sendo testado, não pode ser comercializado.

Ensaios clínicos

Quando um candidato à vacina é testado em humanos pela primeira vez, já passou por diferentes testes em laboratório, com resultados promissores. Antes de ser disponibilizado para imunização em massa, porém, ele precisa passar por três fases de ensaios clínicos, cujo objetivo é verificar a segurança e a eficácia do produto. No caso da vacina de Oxford, as Fases 1 e 2 foram combinadas e contaram com a participação de mais de mil voluntários no Reino Unido.

Atualmente, a vacina encontra-se na Fase 3, realizada com milhares de voluntários em vários países. No Brasil, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é a instituição que coordena os testes, iniciados em junho. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o recrutamento de 10 mil voluntários. Além de São Paulo, outras cidades participam do estudo, por meio de centros de pesquisa colaboradores: Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria.

No início de setembro, a notícia de que um voluntário da pesquisa no Reino Unido havia desenvolvido sintomas graves após tomar a vacina fez com que o estudo fosse suspenso. Para especialistas, a pausa nos testes é uma mostra de que os ensaios estão atentos à segurança dos voluntários, embora haja debate sobre a transparência do processo. O estudo foi retomado após a avaliação do caso por um comitê científico independente.

Distribuição

“Somente após a finalização do estudo de Fase 3 e obtenção do registro sanitário é que a nova vacina poderá ser disponibilizada para a população”, afirmou, via assessoria de imprensa, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz. No final de junho, o Ministério da Saúde anunciou acordo entre a Fiocruz e a AstraZeneca para produção da vacina no Brasil, no momento oportuno.

Bio-Manguinhos vem se reunindo com a Anvisa com o objetivo alinhar as medidas necessárias para que, uma vez que a vacina seja aprovada, chegue mais rápido à população. Cumpridas todas as etapas regulatórias e de controle de qualidade, a Fiocruz destinará sua produção ao Sistema Único de Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações, que cuidará do planejamento das campanhas de vacinação.

Até lá, qualquer anúncio de comercialização da vacina de Oxford no Brasil deve ser visto com desconfiança. A venda ou compra de um produto falso ou ainda sem aprovação é perigosa. “Trata-se de um crime contra a saúde pública e a população pode colaborar reportando para a Anvisa e às autoridades policiais, pelos graves riscos à vida humana”, afirmou a assessoria de Bio-Manguinhos.

Outra vacina em testes no Brasil

Além da Unifesp, o Instituto Butantan também lidera ensaios clínicos de uma vacina contra a COVID-19. Coronavac, vacina chinesa produzida pela Sinovac Life Science, está sendo testada em 16 centros de pesquisa brasileiros, espalhados por sete estados e Distrito Federal. Para esse estudo, a Anvisa autorizou recrutamento de 13 mil voluntários. Caso a Coronavac seja bem sucedida nos ensaios de Fase 3, o Instituto Butantan prevê acordo de transferência de tecnologia com a Sinovac para produção da vacina em larga escala. A distribuição ao SUS e disponibilização à população também dependerá da aprovação da Anvisa.

Para entender mais sobre o processo de desenvolvimento das vacinas contra o novo coronavírus, acesse aqui o infográfico que preparamos sobre o tema.

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