Termômetros infravermelhos são seguros

Não há motivo para receio quanto ao uso deste instrumento para aferir a temperatura, afirma especialista.

É provável que a pandemia de COVID-19 tenha mudado a sua rotina de diferentes maneiras. Uma delas é que, ao entrar em alguns estabelecimentos comerciais ou de outra natureza, pode ser necessário aferir sua temperatura. Em geral, o método usado para isso é um termômetro infravermelho, que dispensa contato direto entre a pessoa responsável por fazer a triagem e o cliente que está entrando no estabelecimento – ao contrário dos termômetros tradicionais, o infravermelho não precisa estar em contato com a pele para aferir a temperatura.

Nos últimos dias, circulou nas redes sociais o texto de uma suposta enfermeira australiana manifestando preocupação sobre danos que a exposição à luz infravermelha dos termômetros poderia causar ao cérebro – especificamente, à glândula pineal – e aos olhos humanos. O neurologista Gabriel de Freitas, pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, esclarece que não há motivo para preocupação. “Os termômetros de testa conseguem aferir a temperatura corporal a distância, proporcionando uma forma prática e rápida de medir a temperatura de um grande número de pessoas neste momento de pandemia”, esclarece.

O especialista destaca, ainda, que termômetros com luz infravermelha são seguros e aprovados por agências regulatórias dos Estados Unidos e da Europa. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária também já se pronunciou sobre o tema, em nota publicada na página da agência no dia 14 de setembro: “Com base na avaliação de referências bibliográficas e recomendações sobre esses produtos, a Anvisa conclui e informa à população que a medição de temperatura por termômetro infravermelho direcionado à testa é inofensiva ao ser humano. O órgão informa, ainda, que esses produtos não emitem radiação, somente captam o calor emitido pelo corpo humano na forma de radiação infravermelha”. 

A luz infravermelha é, inclusive, utilizada em alguns tratamentos médicos e o termômetro infravermelho é seguro para utilização não só em adultos, como também em crianças e bebês. “O único cuidado que deve ser tomado é de não apontar a luz nos olhos”, completa Freitas. Ele explica, também, que apenas a exposição à luz infravermelha por longos períodos poderia provocar queimaduras na pele e lesões oftálmicas. “Os termômetros não emitem radiação no cérebro e não há nenhum risco de lesar a glândula pineal, como foi falsamente divulgado recentemente nas mídias sociais”, conclui o neurologista.

Diagnóstico de COVID-19 não depende apenas da temperatura corporal

Vale esclarecer, também, que, apesar de muitos estabelecimentos terem adotado a aferição de temperatura como parte de seus protocolos para evitar a transmissão do novo coronavírus entre seus funcionários e clientes, esta prática, sozinha, não é capaz de dizer se uma pessoa está ou não infectada pelo SARS-CoV-2, como destaca a Organização Mundial da Saúde em seu site: “Termômetros são eficazes em detectar pessoas que têm febre (ou seja, temperatura corporal acima do normal). Eles não podem detectar pessoas que estão infectadas com COVID-19”.

Por um lado, a febre é um sintoma comum a diferentes doenças – assim, alguém pode ter febre, mas não ter COVID-19. Por outro, parte das pessoas infectadas com o novo coronavírus não apresentará febre ou qualquer outro sintoma – são os chamados pacientes assintomáticos, que, mesmo não ficando doentes, podem transmitir o vírus a terceiros.

As melhores formas de prevenir a transmissão da COVID-19 são manter distância de pelo menos dois metros de outras pessoas e usar máscaras ao sair de casa, além de higienizar as mãos com frequência. Caso apresente algum sintoma da doença – como febre, tosse, dor de garganta, coriza e falta de ar –, evite o contato com outras pessoas e procure um centro de testagem, seguido de atendimento médico.


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